O conceito da divisão do Absoluto ou o Todo, expressando-se através dos princípios masculino (yang) e feminino (yin), combinando-os em uma miríade de formas na natureza, era conhecido já na antiguidade chinesa. Neste texto, uma reflexão sobre a presença desses princípios também na natureza humana, combinados em diversas proporções, formando as diferentes personalidades. Também disponível em Pensamento Novo - Brasil.
“ OS INFINITOS ENCANTOS DA NATUREZA HUMANA
O Deus único cindiu-se em yang e yin. A união de yang e yin gera todos os seres vivos. Este é o processo da divisão e da síntese. O amor é yang, e é caloroso. A sabedoria é yin, e examina tudo friamente. O amor envolve tanto o bem quanto o mal e perdoa. A sabedoria faz uma distinção clara entre o bem e o mal, não admitindo confusão. O amor é uma virtude mais própria da mulher, enquanto a sabedoria, do homem. Uma pessoa que possui em maior intensidade a virtude do amor aparenta ser calorosa, e a pessoa que possui em maior intensidade a virtude da sabedoria aparenta ser fria. Mas não existe alguém que só tenha amor, nem quem só possua sabedoria. O um se dividiu em yang (amor) e yin (sabedoria) e, unindo-se novamente, gerou infinita variedade de criaturas e coisas.
Para gerar a partir do um a mais variada diversidade, Deus dividiu o um em yang e yin, em amor e sabedoria, e, unindo-os novamente, criou infinitas combinações. Do um nasceram dois, de dois nasceram quatro, de quatro nasceram oito, de oito nasceram dezesseis, de dezesseis nasceram trinta e dois, de trinta e dois nasceram sessenta e quatro… e assim se desenvolve tudo infinitamente. Por isso, não se pode qualificar genericamente os homens dizendo que fulano é forte no amor, e sicrano é forte na justiça. Há pessoa muito amorosa que, surpreendentemente, é muito justa. São os encantos da natureza humana, que devem ser levados em consideração.
Deus cria tudo através da divisão e da síntese. Portanto, ao mesmo tempo que Deus é único e absoluto, precisa se dividir em yang e yin ao efetuar a criação. (…) O corpo feminino envolve suavemente os ossos, não se revelando abertamente, mantendo-se contido em si. O feminino é yin, mas sua natureza interior é calorosa, é amor, é yang. A mulher é yin externamente; e yang, internamente. Não existe quem seja totalmente yang nem totalmente yin. ”
Excertos de Kōmyō Hogo (Michi no Maki), de Masaharu Taniguchi, Nippon Kyobun Sha Co. Ltd., Tóquio (1984), a partir da tradução em português (1a edição) da Seicho-no-Ie do Brasil, 2007. Texto somente para estudo e uso pessoal.

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