Vencendo as pedras do caminho
“ Há alguns anos, dei uma série de palestras em Montreal, e uma mulher veio se consultar comigo no Mount Royal Hotel, onde eu estava hospedado.
– Estou ficando louca! – foram suas primeiras palavras. – Não consigo dormir, odeio a mim mesma e quero acabar com tudo!
Essa jovem mulher era bem-educada, culta, bem-vestida e muito bonita. Era muito rica e vivia num suntuoso apartamento. Casada com um proeminente homem de negócios, tinha três filhos com ele. Conversando com ela, descobri que a enorme pedra no seu caminho para a felicidade era a autocondenação, aliada a um profundo sentimento de culpa, acompanhado de um medo anormal de punição.
Dez anos antes do seu casamento, fora uma 'call girl', e praticara a mais antiga profissão do mundo. Vivia sob o temor de ser desmascarada e aterrorizada pelo medo de que o marido viesse a descobrir seu passado. Seus remorso e autoabominação eram tão dominantes que ela achava que não tinha o direito de viver nem merecia o amor de seu marido e dos filhos. Disse que amava o marido imensamente e que ele era o homem mais gentil e bondoso que jamais conhecera. Mais ainda, achava que não merecia sua bela casa, o carro caro e os outros luxos com que ele a mantinha. Vivia sob tranquilizantes e tratamento psiquiátrico há
algum tempo.
E ela me disse:
– Nada adianta, estou podre por dentro.
– Você é leal e fiel ao seu marido agora? – perguntei-lhe.
– Completamente – respondeu ela. – Tenho procurado ser uma mãe perfeita e uma esposa dedicada e fiel desde o nosso casamento. Eu adoro meu marido.
– A única coisa que você tem que curar – disse-lhe eu, então, lentamente – é o pensamento presente. Passe a pensar direito, agora. E toda a sua vida se transformará em harmonia e contentamento. Tudo que você venha a experimentar é a manifestação externa de todos os pensamentos e crenças que você mantém no momento presente. Seu passado é apenas a lembrança do seu passado. As consequências de eventos passados – sejam boas ou más – não passam da expressão do seu pensamento presente. A única dor e sofrimento que você pode sofrer é a dor do momento presente. Conserte o momento presente. Aperceba-se da paz, harmonia, alegria, amor e bem-aventurança – AGORA.
Contei-lhe a história do menino que se comportara muito mal. A mãe deu-lhe uma série de tarefas e trabalhos para fazer na casa e não o deixou sair por uma semana. Ele cumpriu todas as obrigações com boa disposição e ao final da semana a mãe lhe disse, 'Você é um menino muito bom. Fez um excelente trabalho'.
O menino perguntou, 'Mamãe, eu não sou tão bom agora como se eu nunca tivesse sido mau?' E ela respondeu, 'Claro que é!' Como a verdade é bela! – Você é tão boa agora – disse eu à mulher – quanto se nunca tivesse se comportado mal.
Nunca vi transformação igual. Seus olhos e todo o seu corpo ganharam vida, e ela disse:
– Sinto como se um peso de toneladas tivesse sido tirado dos meus ombros! Agora sei que sou boa no momento atual, que o passado está morto e não tem nenhum poder.
Ela foi embora rejuvenescida, inspirada, animada, exultante e quase extasiada.
O passado era a pedra em seu caminho. Ela estava livre porque compreendeu os gloriosos benefícios que advêm àqueles que entendem que tudo que precisamos fazer é mudar o pensamento presente e, assim, mudar toda a nossa vida. ”
(…)
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Refletindo sobre pecado e culpa
“ – Se ando com minha bicicleta sem os faróis – disse-me um menino –, sinto que devo ser castigado, que vou cair porque minha mãe disse, 'Você vai cair; vai se machucar; você é muito levado; vai ser castigado.'
Que palavras desastrosas para dizer a um menino! Seria tão melhor dizer-lhe que não deveria andar de bicicleta à noite sem os faróis. A mãe e o pai deveriam explicar bem à criança que as instruções eram para o seu próprio bem e sua própria preservação. É muito melhor dizer a um menino que o amor de Deus estará sempre com ele do que amedrontá-lo com sugestões hipnóticas e apavorantes de perigo.
Nunca se deveria dizer às crianças que elas nasceram da perversidade e foram concebidas do pecado. Deveriam saber que são filhos de Deus, que Deus é o seu verdadeiro Pai, e que Deus é Amor. Deveriam saber também que o Amor não faz nada sem amor. Naturalmente, esta é a boa consciência, em que o menino aprende a Regra de Ouro, o amor ao próximo, e que a honestidade é a melhor política. Quando um garoto está prestes a cometer um roubo, algo dentro dele lhe diz, 'Não, você não deve fazer isso.'
À mãe e ao pai cabem ensinar ao filho a diferença entre o zorrilho e o gato, a diferença entre o que é certo e errado. A criança deve ir à escola; tem que aprender boas maneiras e ser adequadamente instruída; ela aprende o que é certo, verdadeiro, nobre e sublime. Entretanto, quantos aprendem estas qualidades hoje em dia?
Ensinar às crianças que elas nasceram com a marca do pecado original, porque Adão e Eva pecaram, é verborragia eclesiástica e completamente em desacordo com a moderna
interpretação da vida. 'Pecado original' na verdade significa que o homem esqueceu sua origem Divina e aceita os mandamentos e superstições dos homens em lugar das verdades de Deus. Toda criança neste mundo nasce na raça humana e em tudo que seu ambiente representa – este é também um dos significados do pecado original.
Quando você conhece as leis de sua mente e sua própria divindade, não fica mais sujeito a tabus, restrições, falsas crenças e ao doutrinamento corrompido que recebeu na juventude. Se deseja limpar a mente de seus filhos, pratique a Presença de Deus em casa; tenha pensamentos elevados e seu lar ficará impregnado de uma atmosfera e um estado de espírito agradáveis. Você verá seu filho crescer à imagem e semelhança do ânimo predominante em seu lar; esse é o verdadeiro significado do batismo. Se você possui um copo de água turva, você pode blasfemar, ficar com raiva e amaldiçoá-la indefinidamente, mas não obterá água limpa. No entanto, se despejar continuamente água limpa em seu copo, você terá água limpa.
(…)
Muitas pessoas sentem-se culpadas porque não visitaram o pai ou a mãe pouco antes da sua transição para a próxima dimensão da vida. Declaram com frequência: 'Ah, eu tratei mal minha mãe antes de ela morrer'; 'Meu marido morreu, e na ocasião eu estava fora'; 'Não perdoei meu pai, e agora ele se foi para sempre'.
A Bíblia lhe dá a resposta e o ensina como perdoar a si mesmo e aos outros. A primeira coisa que se deve perceber é que não há tempo ou espaço no Princípio da Mente. Neste exato instante, você pode relaxar mentalmente e pensar em sua mãe, a quem você acha que tratou mal de alguma forma, Imagine que está conversando com ela, diga-lhe o quanto é adorável e bonita e o quanto você a ama. Exalte-a em seu pensamento e compreenda que a Presença de Deus está ali e que Seu amor, luz, verdade e beleza estão fluindo através dela; compreenda também que ela está viva com a vida de Deus. Viva nesta cena imaginária até obter a maravilhosa reação que preencherá sua alma de alegria. Continue a representar esta cena mentalmente, e a reação virá e você se sentirá livre; sua mãe também se libertará. A ação de Deus se fará sentir, e sua mãe esquecerá tudo sobre o incidente, assim como você. Uma cura completa se seguirá a este procedimento.
(…)
Se você gravar uma conversa em um gravador, você pode apagar a fita. Da mesma forma, você pode apagar estes traumas psíquicos da sua mente subconsciente, gravando no seu subconsciente as verdades espirituais de Deus. O novo tom vibratório dos seus pensamentos apaga o antigo padrão negativo de pensamento alojado no seu subconsciente. (...) ”
Excertos de The miracle of mind dynamics, Prentice-Hall, Inc., Englewood Cliffs, New Jersey (1964), de Joseph Murphy, a partir da tradução em português de Geni Rodrigues C. Hirata, publicada pela Editora Record, Rio de Janeiro (s.d.). Texto somente para estudo e uso pessoal.
Ilustração disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d9/Rocks_blocking_a_road.jpg
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