No texto a seguir, o autor, equaciona, de forma clara e descomplicada, e, ao mesmo tempo, com consistência lógica, o problema do mal, com base nas leis fundamentais que regem o Universo, ou seja, as leis mentais (a mente humana como um "filtro" da Realidade absoluta); e propõe soluções práticas para este problema, tão antigo quanto a própria humanidade. Texto também disponível em Pensamento Novo - Brasil.
“ ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O PROBLEMA DO MAL
Se todas as coisas procedentes da Fonte da Existência (Deus) são boas, de onde pode vir o mal?
Originariamente, o ‘mal’ não existe porque Deus não o criou. O que ‘não existe’, não vem de lugar nenhum. No entanto, o ‘mal’ parece existir. É exatamente como a ‘treva’ que parece vir, não se sabe de onde, quando o Sol se põe. Mas a ‘treva’ não vem de lugar nenhum. A verdade é que, quando a luz se ausenta, a situação de ausência toma a aparência de ‘treva’, e nada mais que isso. Da mesma forma, o ‘mal’ não é algo que existe de modo concreto em algum lugar; ele não passa de uma situação em que o ‘bem’ não está plena e satisfatoriamente presente, devido a alguma distorção ou obstrução. Quando não distorcemos ou obstruímos a manifestação do ‘bem’, surgem somente coisas boas.
O que será, então, que distorce ou impede a manifestação do ‘bem’?
Todas as coisas perceptíveis manifestam-se no mundo dos fenômenos [o mundo material ou físico] através de uma ‘lente de reconhecimento’ que se chama mente. A mente tem função semelhante à da máquina fotográfica, e a ‘mente em ilusão’ funciona como um filtro. Quanto mais forte a cor do filtro, menos forte será a luz que penetrará na câmara, e naturalmente será fraca a luz imprimida na fotografia. De modo análogo, quanto mais densa a ‘mente em ilusão’, maior será a distorção ou a obstrução da Luz que vem da Fonte da Existência, surgindo consequentemente uma situação imperfeita. E o que é essa ‘mente em ilusão’?
A ‘mente em ilusão’ que distorce ou obstrui a manifestação do ‘bem’, e cria uma falsa imagem chamada ‘mal’, é aquela não sintonizada com a mente de Deus. São os pensamentos e sentimentos negativos, tais como rancor, ódio, ciúme, aversão, tristeza, discórdia, avareza, egoísmo, medo, melancolia etc., que surgem quando entramos em choque ou estamos em conflito com alguém. Por serem pensamentos de rivalidade, provocam atritos, opressões e distorções, e impedem a manifestação do aspecto originariamente perfeito. A tais pensamentos e sentimentos dá-se o nome de ‘mente em ilusão’.
Para eliminarmos a ‘mente em ilusão’ basta que abandonemos os pensamentos e sentimentos de hostilidade, agradecendo a todas as pessoas e coisas, e passemos a aceitar totalmente as dádivas, como elas são. Esta atitude corresponde a equiparmos a câmara com uma lente de alta transparência e de boa qualidade, que capta toda a luz, sem nenhuma distorção. Com isso, será possível projetar no mundo dos fenômenos todas as formas de ‘dádivas divinas’, mesmo as mais insignificantes. (…)
Completa-se o sentimento de gratidão quando ele é demonstrado objetivamente em forma de ato de retribuição às dádivas recebidas. A gratidão que não é acompanhada pelo ato de retribuição assemelha-se a uma câmara fotográfica de excelente qualidade com a objetiva fechada. Em tal circunstância, não se pode fazer nenhuma foto, apesar de a máquina estar equipada com uma lente de alta transparência. Quando o agradecimento se manifestar externamente através de atos concretos de retribuição, será retirada a ‘tampa da objetiva’, e poder-se-á ‘fotografar’ perfeitamente as dádivas de Deus no mundo dos fenômenos.
A retribuição pode se dar de três formas: agradecimento, contribuição monetária e dedicação corporal.
O ‘agradecimento’ consiste em reconhecermos a presença do amor, da sabedoria e da Vida de Deus em todas as coisas, e agradecermos a Ele com toda sinceridade. Devemos agradecer não apenas a Deus, mas a todas as coisas do Universo, as quais são manifestações dos atributos de Deus, não apenas agradecer, mas ter sentimento de amor e atenção para com todas as coisas. Devemos agradecer até mesmo a uma folha de papel e não desperdiçá-la. Devemos ser atenciosos para com todas as coisas. É preciso que o nosso amor atinja todas as coisas, em seus mínimos detalhes, e qie seja imparcial.
A partir desse ‘agradecimento’, é que a nossa vida será automaticamente normalizada, eliminar-se-ão os desperdícios, todas as nossas iniciativas atingirão o alvo, e sempre obteremos bons resultados.
A segunda forma de retribuição é a contribuição monetária. Essa contribuição é mencionada no Antigo Testamento com o nome de ‘dízimo’. Este consiste em oferecer (…) parte da nossa renda a Deus, isto é, às obras da igreja, a instituições assistenciais etc. Costuma-se dizer que essa contribuição oferecida retornará multiplicada ao contribuinte.
Mas, aquele que faz a contribuição considerando-a como um investimento rendoso ‘que retorna multiplicado’, está fazendo uma transação comercial; isso jamais pode ser considerado como retribuição ou agradecimento, e muito menos um ato de demonstração de fé. (…)
Entretanto, mentiremos se afirmarmos que a contribuição não traz nenhuma recompensa. Rege este mundo a ‘lei da mente’ que diz ‘Dá, e receberás’. Se proporcionarmos benefícios aos semelhantes, colheremos as consequências desses benefícios.
Porém, toda contribuição que fazemos calculando suas consequências é uma espécie de investimento. Não é um mau investimento, mas não chega a ser um ato de agradecimento pertencente ao elevado plano espiritual. ”
Masaharu Taniguchi (1893-1985)
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